"O primeiro dever do homem em sociedade é de ser útil aos membros dela; e cada um deve, segundo as suas forças físicas, ou morais, administrar, em beneficio da mesma, os conhecimentos, ou talentos, que a natureza, a arte, ou a educação lhe prestou.
O indivíduo, que abrange o bem geral de uma sociedade, vem a ser o membro mais distinto dela. As luzes, que ele espalha, tiram das trevas, ou da ilusão, aqueles que a ignorância precipitou no labirinto da apatia, da inépcia, e do engano. Ninguém mais útil pois do que aquele que se destina a mostrar, com evidência, os acontecimentos do presente, e desenvolver as sombras do futuro." -
(Correio Brasiliense)

8. A Coluna Prestes

A organização social civil, no Brasil, durante o período em que o militarismo chefiava os poderes administrativos do País, nunca teve vez, até porque os militares temiam a perder o poder. Toda e qualquer aglomeração era proibida e as poucas que aconteceram foram exterminadas; numa família se alguém discordasse das normas ditadas pelos militares, todos pagavam, sem que ninguém pudesse ao menos contestar.
Os brasileiros viviam um verdadeiro "inferno". Eram privados do maior bem que o ser humano tem: a liberdade.
O comunismo avança o leste europeu, propondo-se a dominar o mundo. No Brasil essa idéia foi copiada, principalmente por estudantes rebeldes e revoltados com a ditadura militar. Os estudantes, contrariando as leis militares, tentavam a todo custo derrubá-los do poder e proclamar a liberdade para o povo brasileiro. Foram o principal alvo de perseguições movidas pela cúpula de inteligência militar. Esses "baderneiros da ordem social" como eram chamados pelos militares, foram taxados de comunistas, como se o comunismo fosse a pior coisa do mundo. Naquele momento as guerras que estavam acontecendo era justamente porque países comunistas estavam avançando contra alguns países capitalistas; o comunismo passou a ter sinônimo de guerra, de sangue e de dor.
Qualquer manifestação, partindo da população civil, que acontecesse no Brasil, estrategicamente, os militares diziam estar partindo dos comunistas. E, qualquer comunista, no Brasil, era tido por assassino, bandido dos mais perigosos.
Mesmo sendo difamados, alguns heróis não se renderam; a eles hoje devemos essa democracia. Foram pessoas que lutaram contra o regime autoritário dos militares, para que hoje a liberdade prevaleça. Um desses combatentes chamava-se Luiz Carlos Prestes, considerado "o cavaleiro da esperança", líder do movimento intitulado Coluna Prestes. Na fuga incansável das perseguições do governo antipopular e antidemocrático do presidente Artur Bernardes, a Coluna Prestes viajava de cidade em cidade pregando a liberdade e a igualdade para a população brasileira.
Os integrantes da Coluna Prestes eram conhecidos como "Os Revoltosos"; sua fama era tão deturpada, que quando se aproximavam de uma cidade, se a notícia chegasse primeiro, a população se trancava em suas casas ou escondiam-se nas imediações; registrou-se até o abandono temporário da população de alguns municípios, por medo.
Essa mesma coluna liderada por Luiz Carlos Prestes passou por Pombal. Os Revoltosos ou Coluna Prestes chegaram em Pombal no dia 26 de junho de 1926. Ao contrário do que aconteceu em muitos municípios, por onde a coluna passou, os pombalenses em mais uma prova de sua hospitalidade, não abandonaram suas casas e correram para recepcionar o Cavaleiro da Esperança; alguns demonstraram medo, mas, não demorou muito para que estivessem familiarizados com os caçadores de liberdade.
Escreve Lourenço Moreira Lima em: "A Coluna Prestes - Marchas e Combates" (conforme "O Marquês de Pombal e as imagens da verdade", pág. 17 - CBR - Rio):
"Seguimos (de Tucano) no dia 26, para a Vila de Pombal, onde chegamos às nove horas, percorremos cinco léguas por um grande tabuleiro. A população de Pombal estava na vila.
Fomos recebidos pela respectiva banda de música, que foi se formando aos poucos. Apareceram primeiro o bumbo e os pratos, que iniciaram um dobrado sem esperar pelos outros instrumentos. Estes, à proporção que chegavam, iam se fazendo ouvir, e, dentro em pouco, a filarmônica se integrou, exibindo seu repertório, num barulho ensurdecedor de guinchos desafinados que nos causavam arrepios terríveis.
Valia, porém, a boa intenção desses amáveis patrícios, que festejavam a nossa passagem por aquela vila, em vez de pretenderem impedi-la à bala. As famílias de Pombal tratam-nos com a maior gentileza, oferecendo-nos mesas de café e doces em várias casas, numa demonstração franca e sincera de simpatia e de confiança no cavalheirismo das nossas forças, apesar da campanha difamatória que os adversários continuavam a nos mover".

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